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domingo, 16 de dezembro de 2012

 
 
 
O campeão dos campeões...
Ricardo Guarnieri
        Salve o Corinthians, O campeão dos campeões, Eternamente dentro dos nossos corações, Salve o Corinthians de tradições e glórias mil, Tu és orgulho, Dos esportistas do Brasil”
        Podem dizer o que quiserem, mas o timão é o campeão dos campeões, é o único bicampeão do mundo entre os times brasileiros, e ao que me parece, no mundo só o Barcelona também tem dois títulos mundiais. E se alguém tem alguma dúvida, basta consultar o seguinte endereço na internet. (Não fomos nós corintianos que criamos o Wikipédia, por favor!!!) http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_t%C3%ADtulos_internacionais_de_clubes_brasileiros_de_futebol
        Quanto a invasão corintiana no Japão não vou dizer nada, pois não tenho competência para isso, deixo para os especialistas no assunto. Tática e fundamentos também não é o meu forte, mas emoção sim, e isso era só ver, ouvir, ou mesmo os dois sentimentos e manifestações que vinham das arquibancadas que nenhuma explicação será preciso. Os blues nem apareceram, parecia era tudo preto e branco mesmo.
        E só pra encerrar aquela velha discussão sobre o título mundial de 2000 (o título que mais sofri e me emocionei, depois o mercantilismo tomou posse dos meus turvos juízos que só no futebol é possível). Então vamos as duas teses:
 
            Primeira: naquele ano teve o Corinthians campeão do mundo em janeiro e o Boca Juniors campeão intercontinental em dezembro, ou seja, a Fifa organizou apenas um campeonato, no qual o campeão fomos nós, Corinthians.
            Segunda: se o título do Corinthians não é legítimo, tampouco o dos franceses na copa de 1998 realizada na França, aonde a mesma somente participou por ser o país sede.
        Invejas e ressentimentos a parte, sei reconhecer que não somos os maiores campeões de títulos internacionais em quantidade, pois só temos 3, enquanto que o maior de todos tem 12 (apesar de contar a segunda divisão da libertadores como título, mas tudo bem, tá valendo, de repente poderemos considerar um brasileiro a mais). No Brasil somos o terceiro com 8 títulos nacionais, atrás de Palmeiras com 10 e Santos 9.
        Mas somos o MAIOR CAMPEÃO DO MUNDO entre os times brasileiros com títulos da Copa do Mundo de Clubes, ou seja, temos 2 títulos, enquanto São Paulo e Internacional tem apenas 1 cada. É isso, o resto é choradeira, e só pra lembrar, ao contrário do que dizem por aí, não existe nenhum tri campeão do mundo, só bi, e nós somos um deles...
        Então, “Vai Curintia, aqui tem um bando de loco, Corinthians meu amor, eu nunca vou te abandonar” Estamos chegando... 
 


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

 
 
É tempo de renasceração, é? Natal!!!
Ricardo Guarnieri
De fato não tenho nada de útil pra dizer, mas mesmo assim, seja pelo compromisso social, ou mesmo com a tranqüilidade da minha própria consciência me coloquei a frente dessa maquina para pensar e escrever algumas palavras, sabendo e acreditando na sua insignificância desde o momento em que comecei a me cobrar para dizer alguma coisa nesse mês que já foi mais esperado por mim.
Antigamente, bom, talvez há uns 15 ou 20 anos atrás tinha o mês de dezembro como o melhor de todos. Cada dia era como comer um pedacinho daquele bolo mais gostoso com gosto de infância. Tinha décimo terceiro, mesada, amigo secreto, namoradas, sonhos, enfim, inocência, até Papai Noel tinha, mas o “velho batuta”, aquele “porco capitalista”, cantado pelos Garotos Podres, me convenceram, “aqui não existe natal.”
Daí de repente preciso ouvir que o Jojô é o nosso herói nacional, agora os corruptos pelo menos estão sendo condenados (ao que eles nunca cumprirão), mas o que importa, se a nossa pseudo classe média vejista e carista diz, então, é, isto é, em época de carência idiossincrática, vale até o homem da capa e pele preta que está salvando o nosso país. Aguenta o Azevedo agora.
Enquanto isso o cacique Raoni vai a Genebra, no estado do Piauí, Suíça, bom isso não importa na geografia, e pede o seguinte: “Justiça Já”, nós também queremos ver a Belo Monte funcionando, afinal como poderemos controlar nossos i-pads ou i-phones? (é assim mesmo que se escreve?), enfim, índio tem é que ficar na aldeia, depois reclama que álcool é inflamável.
De um lado o homem pobre que subiu na vida honestamente com muito afinco e estudos, exemplo iconofágico (não será agora que vamos comê-lo) das nossas culpas por mais um século pelo menos; do outro, o defensor das causas nobres, mas tão refinadas que são inatingíveis para nós reles mortais que não conseguimos mais do que manter a prestação (atenção com concentração) em dia.  
Quem é que tem coragem de falar de luta de classes? Hoje o que nós ouvimos é o fim da luta de classes. Particularmente eu acredito que deva ser verdade, afinal a nossa luta hoje é com o carnê, com o cartão de crédito, com o financiamento da casa própria, com o consignado, enfim, não dá mais tempo pra mudar de classe.
__ Parabéns, você bateu a sua meta em 200% na venda dos empréstimos, se continuar assim, prometo te arrumar um bônus legal pro natal, mas todos devem compreender a filosofia da empresa tanto quanto você, você me compreende né?
__ Claro, como não entenderia...
 
 
 
 


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Realidade? Ser otimista ou pessimista? Eis...

 
 
Realidade? Ser otimista ou pessimista? Eis...
Ricardo Guarnieri
 
Tudo bem, eu reconheço, sou mais pessimista do que otimista, apesar de achar que estou mais para realista puritano do que pessimista construtivista. Otimismo nunca, a não ser quando preciso que a humanidade não desista dela mesma, e muitas vezes isso vem na forma de um anjo caído (é impressionante como isso cola em mim, talvez por isso pense na psicanálise, apesar de saber que só ouvir é muito pouco, lá vou eu puritinando outra vez...).
Aristotélicamente falando vamos entender os opostos entre o otimismo e o pessimismo:
Otimista: sujeito bem humorado; sempre vê saída naquilo que não existe, positivo diante das tragédias; se está ruim, pense que poderia ser pior (é só o joelho, poderia estar paralítico); é pobre, mas o que importa é ter uma família unida e principalmente com saúde; para os prósperos, a crise não é o limite mas a oportunidade para novos caminhos, descobertas, rumos, enfim, é na crise que nos fortalecemos; quando todo mundo diz que já acabou, vem o otimista de plantão e diz que essa é a chance que Deus está nos oferecendo para um novo recomeço, afinal o que importa é estar vivo. Tudo bem, já me convenci, o otimismo realmente levanta defunto, ou pelo menos os quase mortos, porque morto, morto ficará.
Pessimista: sujeito de mal com a vida; nunca vê uma boa saída para os problemas, ou seja, o ser humano é mau por natureza (Deus esqueceu de nós, ou nos abandonou mesmo, o que é o mais provável); a pobreza é a prova cabal da nossa incapacidade de vivermos como uma grande comunidade; quando tudo está ruim, lembre-se que depois tem o péssimo, o calamitoso, o trágico, e por fim, o fim; a crise não tem saída a não ser a própria ruína; de nada adianta o altruísmo, afinal ou estamos apenas alimentando o nosso ego, ou reproduzindo a pobreza enlatada e vendida como responsabilidade social. Enfim, para ser pessimista não é muito difícil, motivos são mils e não faltam outros mils.
Realista ou realidade: não sei se vou ser realista ou apenas dizer algumas coisas que seriam fatos da realidade (deixo para o leitor que terá mais inteligência para discernir, acrescentar ou mesmo retirar essas realidades do mundo i-real apresentado aqui nesse texto mal ou bem humorado) vamos então aos fatos:
1-   Metade ou 50% da riqueza do mundo está sob o controle de 1% da população mundial;
2-  O salário mínimo brasileiro equivale a ¼ ou 25% do que o DIEESE considera ser o necessário para uma vida mínima;
3-  O mundo produz 20% a mais de coisas que necessitaríamos para viver, enquanto 30% da população mundial morrem por desnutrição;
4-  Com o orçamento da OTAN seria possível acabar com a pobreza do mundo pelo menos duas vezes;
5-  As armas de fogo matam mais do que qualquer doença no mundo. Só no Brasil é assassinada uma pessoa a cada 10 minutos;
6-  Ainda matamos, segregamos, empobrecemos, dilaceramos as pessoas pela cor da pele;
7-  A homofobia é uma realidade, tanto que precisamos de leis especificas para defesa irrestrita da paz na orientação sexual;
8-  As mulheres continuam sendo vilipendiadas; ganhando menos; decepadas em seu prazer; excessivamente cobertas ou desnudadas, tudo em nome da liberdade arcaica cultural ou das exigências do mercado;
9-  Apesar de todo desenvolvimento tecnológico, uma revolução copernicana, no qual o século XX equivaleu aos demais, nunca fomos tão escravizados na perda do nosso tempo em detrimento do discurso da ordem e progresso;
10-      Ao contrário do que defende as democracias modernas em relação à liberdade de expressão, somente o cartão de crédito e um bom limite te fará livre.
11-       O espaço não é problema, mas é a garantia contratual e o respeito a propriedade privada que empurra 50% da população brasileira a moradias em falésias, barracos, pontes, especulação imobiliária, e toda sorte de um quadrado ou redondo que possa ser chamado de “meu”.
Realidade? Ser otimista ou pessimista? Eis...    
O poeta Ferreira Gullar diz que a vida é uma invenção, e nós podemos inventar tanto coisas boas como coisas ruins, e ele em particular prefere inventar a vida como algo bom, bonito, belo, enfim, ele é um otimista, porém órfão, afinal, se somos nós que inventamos a vida, então estamos jogados a própria sorte e criatividade.
Tendo a concordar com ele, mas não sei se com tanto otimismo, isso dependerá muito do dia e de como acordo, que em nada depende de mim.
 
 
 


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores muitas felicidades


 
Professores muitas felicidades
Ricardo Guarnieri
Vamos comemorar, é o nosso dia, ao menos um deles nos foi reservado nessa loucura toda. Hoje recebi mensagens singelas e otimistas quanto a nossa profissão. O que seria da sociedade se não fosse o professor? Aquele que inicia todas as outras profissões. É o alicerce da nossa sociedade, afinal, uma casa sem uma boa base, cai.
Enfim, vou deixar todos os elogios desse grande dia para aqueles que gostam de nós e nos aplaudem sempre que podem.
Também vou deixar os imperativos e axiomas por conta da sociedade e seus homens de bem e autoridades sobre a nossa imprescindibilidade nesta que tanto ajudamos a construir.
Idiossincrasias a parte, pensei em destacar alguns pontos importantes a fim de lembrarmos o porquê, de comemorarmos esse dia que seria injusto passarmos em branco:
- Depois de uma luta secular conseguimos aprovar o piso salarial de abrangência nacional, isto é: 2,33 salários mínimos por uma jornada de 40 h/s.
- Apesar de a ciência ter conquistado o espaço, a Lua e agora Marte, ainda estamos discutindo qual o numero ideal de alunos por sala. Em relação à quantidade de alunos por professor ainda nem tocamos nesse ponto, afinal, uma coisa de cada vez.
- Agora os pobres já podem comemorar, a Dilma sancionou a lei (DECRETO Nº 7.824) da tão sonhada e controversa cota social, ou seja, agora 50% é nóis mano.
- Ainda não decidimos se aprendemos melhor pelo adestramento enciclopédico ou pela conquista da autonomia, ainda que isso já tenha sido objeto de discussão de Sócrates, Montaigne, Rousseau, Paulo Freire, enfim, nós iluminados mestres ainda não temos um parecer, afinal somente quem vive dentro da sala de aula é que sabe qual o melhor caminho.
- O planeta continua muito bem obrigado, progredindo e crescendo, por isso mesmo vamos investir numa educação de primeira linha, pois o mercado de trabalho precisa dos melhores e a escola sabe como fazer isso. Aos retardatários: inclusão neles.
- E pra finalizar. Noutro dia, uma aluna do curso de pedagogia (estagiária de um colégio privado) chegou a mim e disse. __ Sabe professor, agora lá na escola temos um refeitório, é no porão, bom, pra nós professores não, só os funcionários, assim ninguém incomoda os alunos na hora da recreação.
Não sei por que, de repente me veio a cabeça Castro Alves, “Sê pobre, que importa? Sê livre... és gigante,” por isso navegar não é preciso quando tudo está na imensidão da emergência imersa de um navio colorido.
           
            Tim tim, é o nosso dia e tudo que menos temos que comemorar...
 
 


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eu te perdôo por me odiar

 

 
Eu te perdôo por me odiar
Ricardo Guarnieri
 
__ Você mentiu para mim.
De repente alguém te profere essa sentença. E com todos os argumentos, dos mais inquestionáveis possíveis e improváveis você não sabe como sair dessa, restando-lhe apenas ficar cabisbaixo, avermelhar-se e entregar-se ao acusador, arauto da moralidade e da verdade ilibada, de um sujeito que bate no peito e sorri da sua verdade nua e crua.
Tudo bem, você poderia ter outra reação, afinal a melhor defesa é o ataque. E assim o show estaria garantido com todas as meias verdades, cada qual defendendo a sua, mesmo porque a dor do outro sempre é mais dolorida.
Partimos do pressuposto aonde cada um tem a sua verdade. Contudo, logicamente é impossível uma verdade para cada um, no máximo o que conseguimos, são opiniões e bem da meia boca. Inteiramente enganadas de verdades.
Os gregos, que tanto se preocuparam com a verdade faziam essa diferenciação, para eles, isso que nós chamamos da verdade de cada um, é opinião, enquanto que aquela que teria validade universal, ou seja, a verdade verdadeiramente verdadeira, jamais se revelaria, pelo menos não tão facilmente como nos diz nossos juízos mesquinhos e imaturos.
Gosto da definição de verdade da Célia, uma querida amiga: “a verdade tem três versões, isto é, a sua, a do outro, e a verdade em si”.
Dado que jamais poderemos tocar a verdade na sua real verdadeira verdade, fico com Cazuza, “mentiras sinceras me interessam,” ao menos são verdades humanas e unicamente humanas. Empresa essa fadada ao fracasso, e mesmo consciente dela, continuo a buscar. Pergunto-me o porquê quase sempre, e respondo: a esperança não é chegar, mas é saber continuar esperançando.
E daí uma pergunta que fica e some:
Você mente? Antes que alguém conte uma mentira eu digo, não minto jamais, a verdade nem sempre (aprendi isso com um papa do qual não me lembro o nome). Por isso, da próxima vez que foste acusado de mentir, não se preocupe, a mentira é divina, não porque o papa nos deu jurisprudência, mas porque sem a mentira jamais teríamos criado a literatura, a poesia, a matemática, a filosofia, enfim, o conhecimento, afinal, quem a criou sabia exatamente o que estava fazendo.
O bom humor e o centro de oncologia do planeta advertem: mentir faz bem a saúde e preserva os dentes. Uma dica: tanto a verdade como a mentira tem um estoque a ser gasto, por isso distribuas bem, ou então, pode se tornar um Saraiva que ninguém agüenta por perto, ou um Paraná que só é levado a sério quando conta piadas.
É por essas e outras que jamais minto em relação a verdade. Sou do partido da verdade, custe o que custar, nem que para isso precise das minhas mentiras sinceras. Essa é a mais pura verdade, se é que te interessa, porque a mim interessa.
 


domingo, 22 de julho de 2012

O malabarista e o garçom


O malabarista e o garçom
Ricardo Guarnieri
 
Lembro-me como se fosse hoje. Estava vindo de Mogi pra Itapuí. Era a primeira vez que andava no trem da CPTM, inclusive era a minha primeira visita aos meus pais. Estudante de Comércio Exterior (curso na época, badalado-1996), e como todo estudante do interior que se aventurava na cidade grande, aproveitava feriados prolongados para visitar a família e contar vantagens para os amigos que ficaram.
A primeira abordagem no trem, um chute na boca do estomago da minha parca consciência social, tanto que até hoje me lembro, ficou marcado. Sofria com aquela imagem toda vez que me lembrava, hoje muito menos. Talvez o costume com o farrapo humano. Esse é o problema de tanta desgraça e ao mesmo tempo limitada as polegadas da nossa TV.
Enfim, a imagem na qual estou falando era de uma adolescente, acho que entre 14 e 16 anos. Essa menina entrou e começou a falar muito, relatava a sua vida, claro que uma desgraça anunciada. Falava e falava, quando de repente começou a erguer a sua camiseta. Subiu-a até a altura da cabeça. Estava sem sutiã e de costas pra mim. Tudo aquilo já tinha me chocado demais, porém quando ela se vira... Simplesmente a menina não tinha os seios, ou melhor, tinha, mas eles estavam todos escorridos, da cintura ao pescoço. Queimadura provavelmente. Aquilo ficou na minha cabeça por anos. (Acho que entendo quando dizem que o tempo é o melhor remédio).
Tudo que eu podia fazer naquele momento era dar um dinheiro, e foi o que eu fiz. E por que estou relembrando essa história? Por que como essa, vieram muitas outras depois (não com todo esse apelo corporal, mas com outras: doenças terminais; desempregados com filhos pra criar; desgraças emocionais; enfim, o repertório é grande).
Selecionei esse bilhete na última vez que viajei de trem que dizia o seguinte:
Senhores passageiros primeiramente meu nome é Kleber e estou aqui para pedir uma ajuda para vocês, minha mãe esta passando por muitas necessidades, fomos despejados de casa e não temos condições para paga aluguel. Nós nem temos o que comer. Aquele que poder ajudar com 0,05 ou 0,10 centavos eu agradeço e que DEUS abençoe sua viagem. Obrigado. Melhor pedir do que roubar.

O moço passava pelos passageiros sentados e depositava esse recado no colo de cada um de nós. Simplesmente ele colocava o papel na altura do joelho de cada um de nós, e não dizia uma palavra se quer, nem licença para depositar, tão pouco obrigado por usar o nosso colo de apoio para a sua publicidade social.       
Logo a minha frente dois homens indiferentes ao mundo, nem se tocaram do bilhete do jovem deixando e retirando o seu recado.
Do outro lado, três meninas e dois meninos, sendo um casal, todos na faixa dos 16 anos mais ou menos. A menina mais mulher que o par dela e fazendo um joguinho de sedução. Quarenta minutos e nenhum beijo (mulher é foda!!!).
E para terminar, o jovem excluído senta-se ao lado de outro jovem, malabarista, não por destino mas por forças conjunturais. Em outros tempos segundo seu próprio testemunho, mas agora podia aconselhá-lo dos tempos melhores e tudo graças a dignidade que o trabalho lhe proporcionara (Isso foi o que eu pensei lembrando do nosso finado Kurz).
...
Há muito tempo que desisti de salvar o mundo com as minhas esmolas, ultimamente tenho utilizado outro critério, não importa o quão grave seja o problema do reclamante, faço uma avaliação e dou o dinheiro quando gosto do argumento. Meu critério é simples: histórias muito desgraçadas; tristezas em demasia; vitimas do sistema. Enfim, os pobres coitados não me empolgam mais, mas é a beleza do cotidiano apresentado, o inusitado que tira o coelho da cartola, o criativo das impossíveis criatividades, aí sim, esses têm os meus aplausos. Se no final tudo é invenção da choradeira, então que salvemos a estética na linguagem.
Em tempo, tem três coisas que ainda me matam: gente com fome, velho sujo e maltratado morando na rua e criança abandonada e drogada na rua. O que eu faço? Compro comida pra quem está com fome, não resisto.
Quanto a dignidade? Talvez tenha que continuar nos meus malabares provincianos de carteira assinada e comprando coxinha pra quem tem fome.   

terça-feira, 19 de junho de 2012

Semeie futuro e colherá presente...





Semeie futuro e colherá presente...
Ricardo Guarnieri
Estamos diretamente ou indiretamente participando das decisões da Rio + 20, digo isso porque o mundo está voltado para as nossas pequenas ações e grandiosos sonhos. Muita gente pode estar se perguntando:
O que eu tenho a ver com isso?
Como contribuir se quem decide são os poderosos?
Quais são as ações praticas que um cidadão comum pode      ter?
Enfim, questões não nos faltam, mas a grande questão é o que nós realmente podemos fazer.
Tenho duas respostas basicamente:
Primeira: NADA, afinal as grandes decisões já foram todas tomadas e nós reles mortais e prisioneiros dos nossos grilhões e carnês não temos muito que fazer, e pra dizer bem a verdade, o jogo tem suas regras bem claras e nós cidadãos, os papeis já estão definidos, isto é, comportamento colaborativo, ajustamento psíquico, e ações politicamente corretas, assim teremos chances de salvação dos nossos empregos e uma dose de estabilidade emocional.
Na segunda resposta: TUDO, ou seja, não dá pra ficar aí parado esperando que alguém decida por nós, é chegado o tempo de fazermos a história, participarmos dela como protagonistas, deixarmos as nossas marcas. É preciso decidir antes que alguém decida por nós. Enfim, a vida é agora e não vai ser nenhum pseudo-herói, ou futuro que nos salvará.
Pois é, e agora? O mundo parece nos dar apenas essas duas alternativas, claro que em cada uma delas poderíamos fazer mil desdobramentos, e isso vêm sendo pensado desde Parmênides e Heráclito, Platão e Aristóteles, Cícero e Maquiavel, Rousseau e Hobbes, Corinthians e Palmeiras, enfim, nos dizem que o mundo é dividido em dois: os BONS e os MAUS.
Não vejo dessa maneira, apesar de estar enclausurado até o calcanhar nessa cultura de massa, ora subversivo de classe média, ora bom moço da cristandade. Horrível essa constatação, mas ainda assim tenho tentado cavar outro caminho, e muitas vezes cavando no vazio, em terras flutuantes, enxadas de algodão, vácuos cheio de mau cheiro, abismos enlameados, e isso e aquilo.
Levo na bagagem uma proposta inicial sem saber do caminho que percorrerei e quanto conseguirei, mas isso não é o que importa agora, mas apenas o que é.
Proposta Única de múltiplas:
( - PIB – Trabalho = + Vida Sustentável)






segunda-feira, 21 de maio de 2012

Agora eu sei que de nada sei...




Agora eu sei que de nada sei...
Ricardo Guarnieri
Como não desistir, se tudo já está marcado para acabar? Ou pior, por que tentar algo, se no final, o que nos resta é um belo de um nada? Talvez o leitor pense que eu esteja sendo pessimista, mas até isso não é uma verdade tão absoluta assim, afinal tanto o pessimismo quanto o otimismo estão do mesmo lado de uma mesma sorte. No entanto o realismo não passa de uma invenção da consciência social.
Outro dia me lembrava de uma memória afetiva e pensei nela como uma possível possibilidade de desalojamento para essas questões impertinentes que me esclarecia nos meus assombros. Há mais ou menos 15 anos atrás estive numa cidadezinha de Minas, chamada Paraguaçu. Lembro-me como se fosse agora, eu, meus primos Márcio e Tiaguinho, e um amigo da adolescência, Rodrigo. Estávamos caminhando pela cidade quando avistamos uma montanha lá no horizonte, um sol quente e convidativo.
__ E aí moçada, o que acham de subirmos aquele morro?
Acho que todos sentimos a mesma energia, tanto que o convite foi prontamente aceito por todos.
Ainda nessa mesma toada, estávamos lembrando outras memórias afetivas dessa mesma época, digo no plural porque estava nesse final de semana aqui em casa um grande amigo, o Fravinho, também da época da adolescência, (amizade que persiste na efemeridade do tempo gastoso).
E lá íamos nós: namorar, sair, beijar, ficar, aprontar, enfim numa cidadezinha próxima a Itapuí, com um nome simpático e indígena, Boracéia (não é a praia paulista, essa é a do interior e do centro do estado). E o mais impressionante era o nosso meio de locomoção: pé dois. Isso mesmo, a pé por 7 km, desses, sendo que quatro deles era em uma vicinal sem nenhuma iluminação. E isso tudo acontecia nas noites de sábado, acompanhado por luas e frios.
Ah, também tinha e ainda tem no meio do caminho uma balsa atravessando o rio Tietê, (e hoje com carro e Sharon Stone do outro lado, vou precisar meditar os prós e contras). Não tem explicação, simplesmente era um gozo que ainda hoje não tenho palavras.
Daí volto às questões iniciais desses finais que se iniciam constantemente. Era um tempo de pouco conhecimento e muita inconseqüência. Sobrava coragem e pouca prudência. Inspirava amores e sobrava paixões. Não tinha horário, era um tempo que se fazia de tudo e mais um pouco em quaisquer momentos. Era tudo de mais sem ter nada de menos.
Passou-se mais de 15 anos e o que sobrou? Não sei, sabendo muito mais e, depois de tudo isso, ainda querem que sejamos brasileiros e não desistamos nunca. Acho que entendi. Muito obrigado por me deixar falar. (...) Com certeza. Posso esperar a minha vez. O patrão primeiro. Sei aguardar o meu momento.
É tudo isso que o conhecimento nos traz, levando consigo tudo o mais debaixo do nosso nariz. (...) Tudo isso pra dizer que o conhecimento nos deixa muito mais racional perdendo toda espontaneidade que só a vida possibilita... Santa ignorância que persiste.





quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mais do mesmo... De novo...



Mais do mesmo... De novo...
Ricardo Guarnieri

Sinceramente, tem coisas que nem valem a pena discutir, mas mesmo assim nos damos a esse trabalho. As vezes seria mais fácil se continuássemos com a certeza de que não precisávamos pensar, mas sabe-se lá porque, na caminhada evolutiva da espécie alguma coisa acabou dando errado e descobrimos que podemos mais do que aquilo que realmente somos. Ou seja: pensamos!!! (maldito Descartes, “penso, logo existo”).
Determinismos a parte, preciso reconhecer alguns preconceitos como ponto de partida para uma revisão mais detidamente em relação com essa sociedade da ordem e do progresso que o mando continua mandando nos mandados.
Selecionei alguns mais dos mesmos:
1-   Torcidas organizadas se confrontam e morrem dois jovens.
Corolário: No país do futebol é urgente uma arena que anteceda o espetáculo da bola para o encontro das uniformizadas.
2-  O Ministério Público descobre superfaturamento em obras do governo.
Corolário: Não sei como, mas quanto mais impostos você não pagar menor será o desvio.
3-  A educação brasileira é a pior entre os países emergentes.
Corolário: De repente se importássemos as leis trabalhistas da China, teríamos um pibão.
4-  Os professores não estão capacitados para os novos desafios do século XXI.
Corolário: Vamos liberar o porte de armas e incluir novas matrizes curriculares: defesa pessoal, treinamento de sobrevivência, afins e etc...
5-  O Brasil tem a maior taxa de juros do mundo
Corolário: Todo mundo paga quietinho. Porque haveriam de reclamar?  Assim podemos culpar os impostos.
6-  A seleção brasileira não convence.
Corolário: E nunca convencerá, mesmo sendo penta nunca estamos na ponta segundo a Fifa.
7-  Os homens ainda são os mais infiéis na relação.
Corolário: Mas não desistam mulheres, vocês já estão se aproximando e com grandes chances de nos vencer.
8-   O tráfico alicia menores.
Corolário: Os maiores já estão.
9-   Os presídios no Brasil não recuperam ninguém graças a nossa estrutura arcaica.
Corolário: É como coração de mãe, sempre cabe mais um. Salas super lotadas? É a inclusão...
10-      Os professores ameaçam entrar em greve por melhores condições de trabalho.
Corolário: Por isso que o vira lata não é pastor alemão, late, mas quem come é o gato.
11-       Mais uma pessoa morre na fila a espera de atendimento em hospital público.
 Corolário: Se não esperasse tanto poderia ter procrastinado mais nos dias de labuta.
12-      No Brasil as leis não conseguem punir os mais ricos
Corolário: Pra quê, os presídios já estão tão lotados.
Claro que um dia chegaremos lá, não se sabe muito bem aonde, mas quem não tem lugar nenhum, qualquer lugar serve, ainda que não aceitemos, vamos chegar lá...