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sábado, 30 de agosto de 2014

Indefinitiva pedrada...


 
Indefinitiva pedrada...

Ricardo Guarnieri

 

Definitivamente não existe dia bom ou ruim,

o que existe sou o eu, o entre, nós,

Não que tenhamos o controle, a escolha,

muito longe disso,

o que escolhemos é o caminho,

mas esse está,

e o sendo vão indo dentro do possível.

as vezes,

nem acreditamos de tão fácil,

outras,

nem tentanto tudo e mais um pouco,

é o limite da física,

da inculcação, da existência, do ir e vir,

sem nunca chegar.

Óbviamente que a chegada não importa,

não porque a beleza esteja na caminhada,

mas pelo simples fato de que o fim é impossível.

A morte, certeza única,

mas não para consciência,

morrer é para os paranóicos

porque eu, enquanto sã consciência, engana-o todos os dias que posso.

Certeza do fim, só de ouvir falar.
 

 


terça-feira, 15 de abril de 2014

Teatro de cachorro grande pode servir de abrigo aos pequeninos...

 

 
Teatro de cachorro grande pode servir de abrigo aos pequeninos...
Ricardo Guarnieri
“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

São tantos os casos de censura, de objeções de consciência, sexismos, corporativismos, xenofobismos, enfim, de falta de liberdade que não vou nem me dar ao trabalho de listá-los, a não ser por um caso curioso.  
Como mero exemplo, me fixarei no último e mais notório, não pela importância intelectual dos personagens, mas pelo peso midiático do caso. O Datena havia sido convidado a participar do Programa do Jô, contudo de última hora foi desconvidado, com a seguinte alegação “o convite foi feito diretamente ao apresentador, mas como está fora da política da casa, não foi autorizado", ou seja, não está no padrão globo, está fora.
Não estou aqui advogando em defesa do Datena, até porque, ele não precisa de mim nem eu dele. Mas o que está em jogo aqui é o conluio dessa corja empresarial do mundo da comunicação de massa que detém o direito de concessão nesse país a mais de meio século.
           Já não é mais concessão, mas privilégio, até porque não existe alternância na direção desses grandes conglomerados de comunicação. Nesse ponto existe uma incoerência brutal, afinal, como pode um jornalismo se dizer independente se a cada inserção publicitária de 30 segundos chega ao cúmulo de custar mais de 300 mil reais? O que justificaria esse alto custo? O salário dos apresentadores do telejornal? A cooptação da verdade apurada e deturpada? Ou os muitos calam bocas em detrimento da constituição de fortuna de uma meia dúzia de famílias? São muitas as perguntas, e com certeza outras tantas respostas dissimuladoras, e sem nenhum tipo de avexamento. 
E claro, essa imprensa calhorda de massa se aproveita da ignorância quase que epidêmica da nossa população. Afinal, onde estão todos os manifestantes das marchas da esperança de 2013? O GIGANTE adormeceu novamente?
Somos um povo guerreiro? Claro que somos, afinal, não é todo país que consegue a façanha de matar mais gente num único final de semana do que em uma guerra declarada e ainda mascarar essa realidade como povo pacifico.
Somos agregadores? Também o somos, afinal para disfarçarmos o nosso preconceito racial criamos leis anti racistas. E para colocarmos nossos demônios para fora, vamos aos estádios de futebol, afinal, lá pode, “macaco, viado”, eufemismos de um povo democrático.
Somos cordiais? Nisso somos os melhores, conseguimos comer as migalhas que caem da mesa do patrão graças ao nosso bajulamento incansável. Nenhum povo consegue dissimular melhor em agradecimento ao domingo cedido a família para orarmos, rezarmos, treparmos, e voltarmos na segunda revigorado para mais uma semaninha de tripalium.
Segundo um amigo, somos um povo bunda. Discordo dele, pois bunda é bom demais pra ser usado aqui como um adjetivo ao nosso mau feito. O que somos poderia ser muita coisa – covardes, baba-ovos, recalcados, ignorantes, alienados, tolos, subservientes, cretinos, idiotas. Mas enfim, deixo para que cada brasileiro, inclusive eu...
...Pare, reflita e, honestamente diga:
Quem somos nós enquanto povo?
O Eu de nada valerá nessa questão, a não ser como ponto de partida, mas um Eu sem o Outro de nada vale, a não ser para reforçarmos o nosso ostracismo aligeirado de uma brasilidade caduca que é engolida diariamente pela falta de liberdade e barbárie que fomos forjados nesses últimos 514 anos. 
A nossa liberdade ainda tem olhares de sangue dos becos de cidadania, cheiro de casa grande protegidos por alarmes e botinas, punhos cerradas de analfabetismo, ouvidos de gritos silenciosos com meia dúzia detentora da palavra, paladares conchavistas e traidores dentro da própria senzala.
É a nossa liberdade, uma liberdade pueril que corre o risco de ficar na poeira.