Professores muitas felicidades
Ricardo Guarnieri
Vamos comemorar, é o nosso dia, ao menos um deles
nos foi reservado nessa loucura toda. Hoje recebi mensagens singelas e
otimistas quanto a nossa profissão. O que seria da sociedade se não fosse o
professor? Aquele que inicia todas as outras profissões. É o alicerce da nossa
sociedade, afinal, uma casa sem uma boa base, cai.
Enfim, vou deixar todos os elogios desse grande dia
para aqueles que gostam de nós e nos aplaudem sempre que podem.
Também vou deixar os imperativos e axiomas por
conta da sociedade e seus homens de bem e autoridades sobre a nossa
imprescindibilidade nesta que tanto ajudamos a construir.
Idiossincrasias a parte, pensei em destacar alguns
pontos importantes a fim de lembrarmos o porquê, de comemorarmos esse dia que
seria injusto passarmos em branco:
- Depois de uma luta secular conseguimos aprovar o
piso salarial de abrangência nacional, isto é: 2,33 salários mínimos por uma
jornada de 40 h/s.
- Apesar de a ciência ter conquistado o espaço, a Lua
e agora Marte, ainda estamos discutindo qual o numero ideal de alunos por sala.
Em relação à quantidade de alunos por professor ainda nem tocamos nesse ponto,
afinal, uma coisa de cada vez.
- Agora os pobres já podem comemorar, a Dilma
sancionou a lei (DECRETO Nº 7.824) da tão sonhada e controversa cota social,
ou seja, agora 50% é nóis mano.
- Ainda não decidimos se aprendemos melhor pelo
adestramento enciclopédico ou pela conquista da autonomia, ainda que isso já
tenha sido objeto de discussão de Sócrates, Montaigne, Rousseau, Paulo Freire,
enfim, nós iluminados mestres ainda não temos um parecer, afinal somente quem
vive dentro da sala de aula é que sabe qual o melhor caminho.
- O planeta continua muito bem obrigado,
progredindo e crescendo, por isso mesmo vamos investir numa educação de
primeira linha, pois o mercado de trabalho precisa dos melhores e a escola sabe
como fazer isso. Aos retardatários: inclusão neles.
- E pra finalizar. Noutro dia, uma aluna do curso
de pedagogia (estagiária de um colégio privado) chegou a mim e disse. __ Sabe
professor, agora lá na escola temos um refeitório, é no porão, bom, pra nós
professores não, só os funcionários, assim ninguém incomoda os alunos na hora
da recreação.
Não sei por que, de repente me veio a cabeça Castro
Alves, “Sê pobre, que importa? Sê livre... és gigante,” por isso navegar não é
preciso quando tudo está na imensidão da emergência imersa de um navio
colorido.
Tim tim, é o nosso dia e tudo que menos temos que comemorar...