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domingo, 15 de novembro de 2015

Nós não somos racistas, são os outros que são...


Nós não somos racistas, são os outros que são...
Ricardo Guarnieri

O brasileiro não é racista, são os outros que são. Aqui ninguém mata gay, eles apenas são mortos sem criminosos. Os negros não precisam de cotas, o que eles precisam é de escolas decentes. Aqui quem espera não alcança, mas sempre espera por um dia melhor. – Confuso isso tudo? Não, afinal somos filhos da confusão que fizeram para não entendermos a fusão. Da difusão sem função. – Eu sei, mas também não sou, e eu sei, que ninguém eu sou, e nessa de todo mundo ser, é que ninguém é.
A verdade é que o brasileiro não assume o seu preconceito. Bendita a hora que nos instituíram como o povo da democracia racial, mas, como o discurso nem sempre retrata nossas ações, o peixe sempre morre pela boca, melhor ainda, pela sedução.
Dias desses, eis que o nosso querido Jô entrevistava a consulesa francesa, a bela e empoderada Alexandra Baldeh Loras, e com muito astucia ela conduziu a conversa a respeito das cotas, na qual ela disse o seguinte: “As cotas são humilhantes, talvez seja a pior solução...” nisso o Jô comenta: “também acho...é uma solução racista.” (nesse momento o publico vai a loucura, palmas, muitas palmas), mas eis que a nossa querida Alexandra complementa, “mas infelizmente é a única solução, porque em 127 anos depois da escravidão até hoje não equilibramos essa desigualdade... sem cotas não se equilibra.” Ou seja, o racismo não se vence naturalmente, simplesmente com boa vontade. Foi uma paulada nas nossas pseudo consciências, mas no caso dela, como de costume para um diplomata, tapa em luva de pelica. 
E quando alguém quiser saber se o brasileiro é racista, muito simples, pergunte a platéia do Jô, mais do que palavras ela demonstra. Até porque podemos esconder tudo nessa vida, menos nossos sentimentos espontâneos. 
Em tempo, sei que isso é irrelevante, mas a Alexandra é preta. Isso não muda nada e não quer dizer nada, a Preta Gil também é preta. Mas os nossos sentimentos sim, esses dizem tudo e quando não, nos entrega, na bandeja da amargura ficamos a raspar a rapadura sem saber de onde vem a nossa cana de cada dia.