Redes de Solidariedade Intelectual...
Ricardo Guarnieri
Depois de anos na militância da vida, e estar em quase todas as arenas públicas, sinto-me na obrigação de uma ingerência descolonizadora:
Já estive no establishiment acadêmico, mas o tédio do preciosimo conceitual me matou;
Já estive na linha de frente estatal, mas a burocracia me roubava a criatividade;
Já estive nas lutas sindicais, mas o proselitismo roubava minha independência;
Já estive na militância partidária, mas as lideranças me ensinaram o poder do totalitarismo;
Já estive no engajamento social, mas o eufemismo resolvia todas as agruras da fome e do analfabetismo;
Já estive a rabiscar rascunhos letrados, mas o caudilho dos literatas me convenceram da minha ignobilidade;
Já estive e estou na sala de aula, mas as notas e rotinas administrativas me ensinaram o calar-se;
Depois de todos esses fracassos, germinou-me uma fulgurosa necessidade de inacabamento, ou seja, é imperativo ressignificar atalhos, estradas, riscados...no qual nos destronemos e provoquemos redes de solidariedade intelectual:
É agora, com o vizinho, o afim, a/o coxinha, o sábio, o inteligente, enfim, as pessoas, e juntos vamos nos dialogar.
Cado Filósofo
A vida: é o não ao impossível de todas as possibilidades de delícias e dores que experimentei,experimento e experimentarei em meu ser que pulsa no expreitar de saborear sabores da vida toda agora e nunca depois...
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
domingo, 22 de maio de 2016
Lições acerca de uma farsa chamada impeachment, ou Golpe mesmo...
Lições
acerca de uma farsa chamada impeachment, ou Golpe mesmo...
Ricardo
Guarnieri
Eu
aprendi:
1-
Que 31 anos de democracia foram insuficientes para
alfabetizar politicamente o nosso povo;
2- Que a
escolha das companhias na política é mais importante que a escolha de um
companheiro amoroso;
3- Que é
preciso manter distância de qualquer integrante do PMDB, seja ele do menor ao
maior;
4- Que o fascismo é mais fascinante que os
enfrentamentos, os diálogos, as inflexões, enfim que a democracia;
5- Que o
pobre raramente defenderá seus próprios interesses, afinal ninguém quer estar
ao lado dos perdedores;
6- Que a
divisão Esquerda e Direita é mais atual do que nunca, e o contrário disso é a
tática do fascismo;
7- Que o
Congresso Nacional é um eufemismo da Casa Grande;
8- Que a Verdade
existe, mas na política institucional essa não é uma necessidade imperativa;
9- Que a
Honestidade não é um valor estimado pelos nossos políticos, pois contam com a
veleidade dos eleitores;
10-
Que o eleitor brasileiro confunde democracia com
mesa de bar, daí as anomalias tiriricas, sarneys, felicianas, bolsonárias, cunhas,
calheiras, etc.
11-
Que a aprender história dialeticamente é condição
sine qua non para aprendizagem de português e matemática;
12-
Que a educação brasileira é de direita e defende
os interesses da Casa Grande no quintal da Senzala;
13-
Que a Globo jamais defenderá os interesses do Povo
Brasileiro;
14-
Que a imprensa tem lado político e econômico. E a
tirania está justamente em fazer o discurso da neutralidade;
15-
Que o discurso de morte da ideologia é um discurso
ideológico;
16-
Que a internet de fato abriu um imenso caminho
para a liberdade na mesma proporção que deu voz a uma legião de imbecis e
sociopatas;
17-
Que a corrupção será combatida tanto quanto a seca
do Nordeste;
18-
Que o Pré-sal não é nosso, pelo menos os seus
benefícios jamais serão;
19-
Que a classe média não tem consciência histórica,
logo acredita ser da elite por ter comprado carro e casa financiados;
20-
Que o nosso preconceito é estrutural, sectário,
racista, classista, misógino, homofóbico, sexista, e por isso cremos na sua
imparcialidade, logo: mulher é machista, preto é racista, gay é homofóbico,
pobre não se representa e classe média é elite;
21-
Que pobre vota em rico para cuidar do seu galinheiro,
ou melhor, dos seus interesses;
22-
Que o falso moralismo é o padrão ético da classe
média brasileira: é dando que não se recebe;
23-
Que Bolsa Família é para vagabundo e Bolsa
Empresário é para o desenvolvimento e interesses da Nação;
24-
Que Sem Terra, Sem Teto, Sem Nada deve continuar
sem nada, pois não passam de vagabundos e baderneiros;
25-
Que os paulistas continuam se achando um país a parte
do Brasil, mas não querem perceber que toda a sua pujança se deve graças aos
nordestinos e nortistas que aqui residem;
26-
Que a Propriedade da Terra no Brasil teve sua
gênese no tratado de Tordesilhas que originou o Agronegócio, tendo como
avalista o Estado de Direito e a Segurança Nacional;
27-
Que se você procurar amigos que tenham interesse
apenas no bem comum você viverá na solidão;
28-
Que se você não compreender a cordialidade do homem
brasileiro terá apenas inimigos;
29-
Que se você não tomar doses diárias de cinismos
será uma pessoa mal vista, e até mesmo excluída socialmente;
30-
Que fazer uma opção pelos pobres, excluídos, marginalizados,
analfabetos, sem terra, sem teto, é optar pelos fracassados, e logo você poderá
ser um deles;
31-
Que votar conscientemente ou não, não faz nenhuma
diferença para a melhoria da nossa política;
32-
Que a vontade do povo não passa de uma falácia na
boca dos políticos, pois o que importa mesmo é a defesa dos seus conluios;
33-
Que os salários dos políticos são incompatíveis
com os gastos dos mesmos para se elegerem, e mesmo assim continuam investindo
em suas vidas públicas;
34-
Que apesar de raros, existem políticos honestos,
mas que não tem nenhuma utilidade pública;
35-
Que a Esquerda sempre servirá de palanque de
mobilidade social do povo mais pobre, mas descartado assim que subirem um
degrau;
36-
Que a Direita sempre será a guardiã dos interesses
do Capitalismo, contudo terá sempre a promessa da inclusão falaciosa de todos;
37-
Que a Esquerda sonha demais, enquanto a Direita
realiza de menos;
38-
Que o Capitalismo terá um fim como todos os outros
sistemas que um dia reinou entre os homens e mulheres desse planeta;
39-
Que por algum equivoco da evolução neural o ser
humano criou a utopia, porem é justamente esse o motivo da chama continuar
acesa;
40-
Que apesar de necessitarmos de um sentido, a vida
não tem sentido algum, a não serem os sentidos que sonhamos e realizamos;
41-
Que o Poder acaba no momento que passamos a
acreditar que temos poder;
42-
Que toda vez que a Luiza Erundina sai de um
partido, é porque o mesmo já não cumpre mais com o seu ideário histórico, ético
e político;
43-
Que o Brasil ainda não aprendeu a mostrar a tua
cara;
44-
Que um país plural como o nosso ficar desprovido
de lideranças étnicas e femininas na política não é um simples detalhe, mas um
atalho para o reacionarismo;
45-
Que o socialismo é coisa de Jesus Cristo, Karl Marx,
Paulo Freire, mas não de cristãos, comunistas e professores;
46-
Que ter uma religião ou não, não muda em nada a
relação dos humanos com a espiritualidade, a não ser para os empresários da
teologia;
47-
Que o cinismo é a melhor arma contra os fascistas
e ignorantes;
48-
Que o Deus Mercado é tão verdadeiro e belo como a
Quimera, pois se trata de linguagem e verborragia;
49-
Que por pior que uma coisa esteja ela sempre pode piorar;
50-
Que os dados econômicos e estatísticos não são
exatos, mas uma arma retórica para o convencimento das atrocidades sociais
envernizadas em tela de decoração dos pseudopolitizados;
51-
Que ter lado na política é uma necessidade
imperativa, dado a quantidade de pusilânimes e fisiologistas nas assembléias
brasileiras;
52-
Que defender o socialismo é o mesmo que lutar por
mais equilíbrio na distribuição de bens materiais e imateriais, mas que os
primeiros a romper esse acordo são os bons cristãos;
53-
Que defender a cultura é o mesmo que ministrar
aulas de filosofia dado a sua inutilidade publica;
54-
Que o ateísmo cristão é a única possibilidade de
encontro com a divindade;
55-
Que o ressentimento impossibilita qualquer
resquício de inteligência;
56-
Que a solidariedade está em agir naquilo que mais
repulsamos, enfrentando nossas maiores negações para novas ressignificações;
57-
Que a vaidade política serve apenas aos opressores,
alijando ainda mais os oprimidos;
58-
Que dizer que o brasileiro é vagabundo é a
principal tese da Casa Grande para sangrar ainda mais o povo brasileiro;
59-
Que o regime de estabilidade no emprego público é
a garantia contra os tubarões do mercado e seus respectivos lucros;
60-
Que a cotação do Dólar é tão relevante como a luz
lunar;
61-
Que para além das ciências e das religiões estão à
arte e a afetiva filosofia de vida de cada dia;
62-
Que a esperança anarquista é a única possibilidade
de luta e resistência contra os grilhões do sistema opressor da produção de
mercadorias;
63-
Que a liberdade é um valor imperativo apenas para
os lutam pelos espíritos e corpos livres;
64-
Que apesar de breve a vida, a eternidade é apenas
para os provocadores e desobedientes, seres imprescindíveis para a preservação
da espécie humana;
65-
Que a vida é uma invenção, e por isso jamais
devemos nos calar diante dos fatalismos e naturalismos;
66-
Que ainda que Eu tenha aprendido muito até aqui,
ainda não aprendi o suficiente para parar de querer continuar aprendendo...
domingo, 15 de novembro de 2015
Nós não somos racistas, são os outros que são...
Nós não somos racistas, são os outros que são...
Ricardo Guarnieri
O brasileiro não é racista, são os outros que são.
Aqui ninguém mata gay, eles apenas são mortos sem criminosos. Os negros não
precisam de cotas, o que eles precisam é de escolas decentes. Aqui quem espera
não alcança, mas sempre espera por um dia melhor. – Confuso isso tudo? Não,
afinal somos filhos da confusão que fizeram para não entendermos a fusão. Da
difusão sem função. – Eu sei, mas também não sou, e eu sei, que ninguém eu sou,
e nessa de todo mundo ser, é que ninguém é.
A verdade é que o brasileiro não assume o seu
preconceito. Bendita a hora que nos instituíram como o povo da democracia racial,
mas, como o discurso nem sempre retrata nossas ações, o peixe sempre morre pela
boca, melhor ainda, pela sedução.
Dias desses, eis que o nosso querido Jô
entrevistava a consulesa francesa, a bela e empoderada Alexandra Baldeh Loras, e
com muito astucia ela conduziu a conversa a respeito das cotas, na qual ela
disse o seguinte: “As cotas são humilhantes, talvez seja a pior solução...” nisso
o Jô comenta: “também acho...é uma solução racista.” (nesse momento o publico
vai a loucura, palmas, muitas palmas), mas eis que a nossa querida Alexandra
complementa, “mas infelizmente é a única solução, porque em 127 anos depois da
escravidão até hoje não equilibramos essa desigualdade... sem cotas não se
equilibra.” Ou seja, o racismo não se vence naturalmente, simplesmente com boa
vontade. Foi uma paulada nas nossas pseudo consciências, mas no caso dela, como
de costume para um diplomata, tapa em luva de pelica.
E quando alguém quiser saber se o brasileiro é
racista, muito simples, pergunte a platéia do Jô, mais do que palavras ela
demonstra. Até porque podemos esconder tudo nessa vida, menos nossos
sentimentos espontâneos.
Em tempo, sei que isso é irrelevante, mas a Alexandra é preta. Isso não
muda nada e não quer dizer nada, a Preta Gil também é preta. Mas os nossos
sentimentos sim, esses dizem tudo e quando não, nos entrega, na bandeja da
amargura ficamos a raspar a rapadura sem saber de onde vem a nossa cana de cada
dia.
domingo, 29 de março de 2015
Por mais que eu queira é bom continuar querendo...
Por mais que eu queira é bom continuar querendo...
Ricardo Guarnieri
Posso
sentir o final a cada texto, mas ainda assim insisto em escrever, na verdade
pensar, porque escrever está cada vez mais difícil. Esse blog tinha a
finalidade de fugir do banal, mas acabou banalizado, ou melhor, eu banalizei.
Outras
vezes quero dizer o impossível, criar uma identidade própria, talvez isso seja
um pleonasmo. Mas não consigo fugir das
gavetas cartesianas. O blog tem uma finalidade; as Laudadas têm outra; o Animal
Inventado tem esperado há anos; os contos têm sobrevivido razoavelmente bem,
apesar de toda autocrítica; os ensaios não saem do ensaio elucubrador e incompetente;
e para finalizar sem muita certeza, as histórias infantis que não passam de um
tempo enganador; claro que para finalizar outra vez o Parasitas, que insiste em
me contaminar.
Tem é
claro a segunda coletânea de poesias mal fadadas, e obviamente o promissor e
esquecido Educação e Cinismo, epistolas de grande afetividade e amizade. Enfim,
promessas, angustias, mas principalmente utopias.
Como
diria Eduardo Galeano, “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo
dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a
utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
É isso,
estou e vou caminhando, sem muita pressa de chegar. Desculpem-me por ventura
aqueles que forem ler esse texto. Talvez ele não tenha nem pé nem cabeça, não que
os outros tenham, mas acho que exagerei nesse, e por isso peço desculpas
antecipadamente, mas precisava escrever alguma coisa para que a minha consciência
ouvisse e se aquietasse.
Na verdade
nunca escrevi para os outros, não pelo menos deliberadamente, por isso não me
considero um escritor, não pelo menos na acepção da palavra, do consenso, enfim
e enfins. A verdade é que escrevo para matar, ou pelos afastar meus demônios.
Escrever para mim é uma tortura, mas tenho ficado melhor, pelo menos tenho diminuído
meus textos.
Pode ser
que tenha ficado mais prudente ou autocrítico, enfim, ufaaaa... estou melhor...
sábado, 30 de agosto de 2014
Indefinitiva pedrada...
Indefinitiva
pedrada...
Ricardo
Guarnieri
Definitivamente
não existe dia bom ou ruim,
o que existe
sou o eu, o entre, nós,
Não que
tenhamos o controle, a escolha,
muito longe
disso,
o que
escolhemos é o caminho,
mas esse
está,
e o sendo
vão indo dentro do possível.
as vezes,
nem
acreditamos de tão fácil,
outras,
nem tentanto
tudo e mais um pouco,
é o limite
da física,
da
inculcação, da existência, do ir e vir,
sem nunca
chegar.
Óbviamente
que a chegada não importa,
não porque a
beleza esteja na caminhada,
mas pelo
simples fato de que o fim é impossível.
A morte,
certeza única,
mas não para
consciência,
morrer é
para os paranóicos
porque eu,
enquanto sã consciência, engana-o todos os dias que posso.
Certeza do
fim, só de ouvir falar.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Teatro de cachorro grande pode servir de abrigo aos pequeninos...
Teatro de cachorro grande pode servir de abrigo aos
pequeninos...
Ricardo Guarnieri
“Liberdade é uma palavra que
o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
São tantos os casos de censura, de objeções de
consciência, sexismos, corporativismos, xenofobismos, enfim, de falta de
liberdade que não vou nem me dar ao trabalho de listá-los, a não ser por um
caso curioso.
Como mero exemplo, me fixarei no último e mais
notório, não pela importância intelectual dos personagens, mas pelo peso
midiático do caso. O Datena havia sido convidado a participar do Programa do
Jô, contudo de última hora foi desconvidado, com a seguinte alegação “o convite foi feito diretamente ao
apresentador, mas como está fora da política da casa, não foi autorizado",
ou seja, não está no padrão globo, está fora.
Não estou aqui advogando em defesa do Datena, até
porque, ele não precisa de mim nem eu dele. Mas o que está em jogo aqui é o
conluio dessa corja empresarial do mundo da comunicação de massa que detém o
direito de concessão nesse país a mais de meio século.
Já não é mais concessão, mas privilégio, até porque
não existe alternância na direção desses grandes conglomerados de comunicação.
Nesse ponto existe uma incoerência brutal, afinal, como pode um jornalismo se
dizer independente se a cada inserção publicitária de 30 segundos chega ao
cúmulo de custar mais de 300 mil reais? O que justificaria esse alto custo? O
salário dos apresentadores do telejornal? A cooptação da verdade apurada e
deturpada? Ou os muitos calam bocas em detrimento da constituição de fortuna de
uma meia dúzia de famílias? São muitas as perguntas, e com certeza outras
tantas respostas dissimuladoras, e sem nenhum tipo de avexamento.
E claro, essa imprensa calhorda de massa se
aproveita da ignorância quase que epidêmica da nossa população. Afinal, onde
estão todos os manifestantes das marchas da esperança de 2013? O GIGANTE
adormeceu novamente?
Somos um povo guerreiro? Claro que somos, afinal,
não é todo país que consegue a façanha de matar mais gente num único final de
semana do que em uma guerra declarada e ainda mascarar essa realidade como povo
pacifico.
Somos agregadores? Também o somos, afinal para disfarçarmos
o nosso preconceito racial criamos leis anti racistas. E para colocarmos nossos
demônios para fora, vamos aos estádios de futebol, afinal, lá pode, “macaco,
viado”, eufemismos de um povo democrático.
Somos cordiais? Nisso somos os melhores,
conseguimos comer as migalhas que caem da mesa do patrão graças ao nosso
bajulamento incansável. Nenhum povo consegue dissimular melhor em agradecimento
ao domingo cedido a família para orarmos, rezarmos, treparmos, e voltarmos na
segunda revigorado para mais uma semaninha de tripalium.
Segundo um amigo, somos um povo bunda. Discordo
dele, pois bunda é bom demais pra ser usado aqui como um adjetivo ao nosso mau
feito. O que somos poderia ser muita coisa – covardes, baba-ovos, recalcados,
ignorantes, alienados, tolos, subservientes, cretinos, idiotas. Mas enfim,
deixo para que cada brasileiro, inclusive eu...
...Pare, reflita e, honestamente diga:
Quem somos nós enquanto povo?
O Eu de nada valerá nessa questão, a não ser como
ponto de partida, mas um Eu sem o Outro de nada vale, a não ser para
reforçarmos o nosso ostracismo aligeirado de uma brasilidade caduca que é engolida
diariamente pela falta de liberdade e barbárie que fomos forjados nesses últimos
514 anos.
A nossa liberdade ainda tem olhares de sangue dos
becos de cidadania, cheiro de casa grande protegidos por alarmes e botinas, punhos
cerradas de analfabetismo, ouvidos de gritos silenciosos com meia dúzia detentora
da palavra, paladares conchavistas e traidores dentro da própria senzala.
É a nossa liberdade, uma liberdade pueril que corre o risco de ficar na
poeira.
sábado, 9 de novembro de 2013
Quando tudo parece poder é porque não temos mais poder
Quando tudo parece poder é porque não temos mais
poder
Ricardo Guarnieri
“o
homem sem nenhum tipo de sinal ou apoio ou auxílio está condenado a inventar a
cada instante o homem” (Jean Paul Sartre, filósofo francês)
O que dizer quando tudo já foi dito?
O que pensar quando não é mais preciso pensar?
O que fazer quando tudo que fazemos já vem pronto?
O que criar quando tudo que temos é mais do mesmo?
O que entender quando tudo já vem explicado?
O que ver quando tudo depende do olhar?
O que sonhar quando o que vale é a realidade?
O que poetizar quando apenas o cálculo resolve?
O que perguntar quando a resposta já está pronta?
O que cozinhar quando a receita já vem pronta?
O que amar quando todos dizem - eu te amo?
O que esperar quando todo o tempo já se expirou?
O que descobrir quando todos os segredos já foram
ditos?
O que desenhar quando tudo já está nos aplicativos?
O que guardar quando tudo está sendo filmado?
O que escrever quando ninguém mais lê?
O que estudar quando tudo depende de manuais?
O que responder quando todo mundo tem razão?
O que ouvir quando ninguém tem tempo pra falar?
O que falar quando ninguém quer ouvir?
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