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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Só acaba o que se inicia sem nunca acabar pelo fim...



Só acaba o que se inicia sem nunca acabar pelo fim...
Ricardo Guarnieri

Fim de ano; início de uma nova temporada; tempo de balanço; novos projetos; deixar as magoas para traz; fazer a nova lista de sonhos; reaver os sonhos antigos; Enfim. Essa é aquela famosa semana aonde reafirmamos ou negamos tudo àquilo que vamos adiando pelo ano todo.
Drummond já escreveu sobre essa mágica do tempo fatiado como rejuvenescedor da esperança que o novo tempo pode nos trazer. Mesmo sabendo da sua inutilidade ainda assim renovamos, ano após ano. Não existe uma resposta racional para isso, teorias existem várias, porém nenhuma delas vale à pena (não pelo menos agora nesse momento).
Falar do óbvio é o mesmo que não falar, afinal quem escuta o mais do mesmo? Talvez os meus amigos chatonildos de sempre, e isso porque são amigos, porque os quase nem isso se dão o trabalho.
Melhor mesmo seria se tivesse tido a brilhante idéia de escrever “noooossa, noooossa, assim você me mata...” afinal quem se importa com os quase 200 milhões de reais que a super mega da virada vai pagar ao iludido cidadão Kane tupiniquim? ...De repente até seria um bom consolo, penso que com um pouco de juízo poderia terminar a vida sem grandes preocupações (é o que o Fravinho sempre diz).
Tudo bem. Vamos pensando, falando e escrevendo, afinal: Quem vai descobri-lo? Como saberei qual é o texto? O que eu preciso fazer para ele chegar lá? Quem vai dizê-lo sim, não importa? Quem se importa? Que critérios? Existe esse caminho?
Mas não tem alternativa a não ser virar logo o ano e voltar ao casulo, trabalho+família1+família2+férias=inspiração (e viva todos os Bs que a vida tem me oferecido).
...
Boa vida; Bica de Pedra (meia dúzia de gentes); Brothers (mais ou menos meia dúzia de gentes novamente); Branca (indas e vidas de um terno à cuidar); Benício (aurora de todos os dias ao meu pintando).
...
Não sei de nenhuma delas e das outras mais, mas de sei de uma coisa... No ano que vem eu respondo as novas velhas questões sem respostas de tentativas que virão... Respondendo...


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pé cansado de caminhos excaminhantes


Pé cansado de caminhos excaminhantes
Ricardo Guarnieri

Fim de ano começa toda a mesma ladainha de presentinhos e o velho barbudo com cara de bonzinho que estoura todos os IPVAS e IPTUS dos pobres trabalhadores com a ilusão do carnaval que se encerra de sexta e na feira da paixão de uma ilusão de quaisquer dias ou ano que o rebento estourou nessa roda morta que já nasce condenada a miséria da esperança das novelas das oito, nove ou mesmo dez, tudo dependerá do tamanho da industria, empresa essa que o nosso governo do povo acaba de aprovar uma exceção para o evento do planeta dos que nunca serão, mas quem se importa? Afinal brasileiro que é, acorda cedo e vai a luta, ainda que o seu falador acorde apenas com o cheiro bom da picanha que os amigos acabam se privilegiando de todas as benesses, deste modo, lutar é vão, para melhor fortuna daquele que está ao lado dos apontados pelos deuses de não ter o seu fígado acebolado diariamente, mas pra que reclamar se no final é ho ho holofote que conta no estandarte do cheque especial, ou mais moderno ainda está para o crédito de futuro, assim não se sente o mardito saindo da suadeira de um mês de ralos, que enfim, sonhamos, e caímos do burrico num espreguiçadeira nas areias cinzas, ops, branca, mas está cinza, enfim, da pujança do progresso, de uma gelada rasgando a garganta do infeliz que está condenado a filas de biopsias com atestado de mais fundos a sacar, afinal, quem está condenado tem direitos, entoa então nosso feliz ano que vem e um prosperado Be be be bem longe de tudo que não quer dizer nada...chega? Já! Poderia, mas é sem ser sendo.







terça-feira, 29 de novembro de 2011

É só no tempo que nos falta tempo...




É só no tempo que nos falta tempo...
Ricardo Guarnieri

Tempo. ? ! : ; ” ,
É implacável quanto ao seu passamento sacramentado, e não adianta chorar, o que foi, foi, e nunca mais voltará.
Que coisa é essa sem tempo que não existe? Por que contamos o e com o tempo, se no final não haverá mais tempo?
Oh, o tempo passou! - O tempo não passa mais!
O tempo: do passado ao futuro sem tempo para o presente persistente
O tempo cronológico do fenecimento dos corpos; o tempo do saborear de cada gota do gosto gostoso do gozar que a nossa memória insiste em nos castigar de doces lembranças; o tempo das crianças que um dia hão de se esvair numa outra doce recordação; o tempo dado pelas prisões das convenções sociais que hão de nos arrepender;
Não sei porque cargas d`água colocaram, colocamos o tempo entre aspas. “O tempo fugiu”... “O tempo passa”... “O tempo não volta mais”... “O tempo é a obsolescência da consciência”...
Se ainda me restasse um tempo, - Se eu pudesse voltar no tempo, - Com tanto tempo para viver, -
...
P. S. O tempo pode até ser apenas um breve suspiro enquanto vivo, pode até não existir fora da consciência humana, pode até ser rápido ou devagar dependendo do tempo e/ou espaço em que nos encontramos, isso tudo não importa, nem importará se não cavarmos o nosso tempo nessa louca vida que insistimos na miséria de tempos procrastinadres. 





domingo, 23 de outubro de 2011

Um mundo de multiplicidades; Uma vida de escolhas.



Um mundo de multiplicidades; Uma vida de escolhas.
Ricardo Guarnieri

__ Para que você existe?
Essa foi a pergunta de uma das minhas aulas num dia desses.  Escrevi na lousa e comecei caminhar pela sala, e depois de um tempo de silêncio e inquietações, escolhi a primeira estudante para começarmos as nossas reflexões.
Enquanto caminhava pela sala, podia observar no olhar daquelas meninas muitas curiosidades, algumas torcendo para serem escolhidas, mesmo fazendo tipo quando escolhida; outras pedindo pelo amor de Deus para não serem escolhidas; outras mais comentando bem baixinho que pergunta é essa, professor; e muitas outras coisas que eu nem sei dizer. Na verdade, tudo aqui são suposições, mas afinal, o que não são suposições quando se trata do mundo humano?  
Claro que tinha uma intenção. Sabia das minhas escolhas, mas a provocação deveria ser o aparte, ou então, de nada valeria minha pedagogia dialógica. Essa era inegociável.
Quando tudo parecia transcorrer normalmente, algumas mais sorridentes, outras mais pensativas, e outras também indiferentes, enfim, isso tudo não passa da minha mera interpretação de sujeito caolho e provocativo. Alguém pede a palavra e me diz:
__ Professor, quero te dizer que penso que estamos vendo muito pouco conteúdo, afinal já sabemos tão pouco, por isso gostaria que o senhor fosse mais rápido para que pudéssemos ver o maior numero de conteúdos possíveis.
Penso que foi mais ou menos isso que ela disse, mas fica em aberto essa questão, de qualquer maneira eu entendi o que ela queria dizer, ou seja, de um lado uma educação enciclopedista, conteudista, tecnicista, e na outra ponta a educação dialógica, reflexiva, libertária.
Não pude resistir, ainda mais porque me veio a cabeça dois filósofos, de um lado Kant, que dizia, “não se ensina filosofia, mas a filosofar.” E do outro, Schopenhauer, em seu “Picaretas da cátedra,” que recomendou, se quer aprender filosofia, então que vá aos originais, ou seja, leia os próprios filósofos sem a interferência de ninguém.
Pois bem, disse a ela.
__ Não poderei te ajudar, porque aqui não está em jogo um método, mas uma visão de mundo, uma escolha de como ir fazendo o mundo, lamento não poder dar conta das suas expectativas, porque isso é inegociável, mas com certeza você encontrará outros que poderão ajudá-la.
Claro que de tudo isso alguns ruídos não estão tão bem explicados, mas o que importa mesmo disso tudo é dizer que estamos num momento histórico altamente polarizado, e isso está muito evidente a meu ver.
Veja só o que disse dois pré-candidatos do partido republicano a presidência dos EUA nos últimos dias em relação aos anonymous americanizados: “Não culpe Wall Street nem os grandes bancos. Se você não é rico nem tem emprego, culpe a si mesmo.” Herman Cain, observe que em sua fala o fatalismo vem disfarçado de mérito, competência, eficiência, enfim, todos os atributos dos super sujeitos que o mundo liberal tanto sobrepujou nesse último século em relação aos seus oponentes.
Contudo, não é o que parece para o seu concorrente, ainda que novamente num golpe eufemista numa tentativa de guinada aos menos favorecidos americanos (isso sim é um eufemismo a nós do terceiro mundo!!!), “Isso é perigoso, isso é luta de classes.” Mitt Romney. Interssante, talvez com um século de atraso, mas como diz o ditado, antes tarde do que nunca.
        Enfim, aqui temos um mundo, e é bom que se diga o vencedor, ou pelo menos na aparência tem sido, digo aparência, porque quando pensamos no mundo é o máximo que conseguimos ver, não na carne, porque esse já é outro assunto, daí as suas multiplicidades.
        E é por isso que recorro novamente a pergunta inicial. __ Para que você existe? Goethe, o poeta alemão sabia muito bem o que Platão já havia nos lembrado, “Eu existo para admirar...” Não existe nada melhor do que existir para admirar, ainda que seja o sombrio, o tenebroso, o caótico, o injusto.
Daí a necessidade de recorrer a Paulo Freire, quando diz:
Os liberais chegam e enunciam a morte da história, sem que os homens e as mulheres tenham morrido. Os liberais dizem que todo mundo se tornou igual. Uma tragicidade do intelectual do terceiro mundo, como nós, é que damos aulas de pós-modernidade e convivemos com 30 milhões de miseráveis, no Brasil, que não chegaram sequer à modernidade, não passaram da tradicionalidade, da consciência mágica que eu chamei de intransitiva. Eu nego a validade desse discurso.
        É imperativo uma escolha, e essa não é simplesmente de um mundo, mas de uma vida, por isso, posso até negociar a minha sobrevivência, mas as minhas idéias jamais, e nelas estão inclusos a luta por uma história viva, por um pensamento autônomo, crítico, pelo reconhecimento dos vários mundos mas sempre sabendo por qual eu quero, luto, crio, erro, pondero, contradigo, mas jamais abandono.
        Se existem muitos lados, mas só posso ficar em um, então escolho o mundo de pessoas que somente serão mais se forem juntas, ao invés dos mais técnicos, fico com o menos e libertários, e nisso não importa quem é o vencedor. É uma questão de escolha, apenas.

                                                                                              



domingo, 9 de outubro de 2011

De Pessoa a Jobs


De Pessoa a Jobs
Ricardo Guarnieri

A pergunta é uma só, mas as respostas são muitas...
Pergunta: Qual é a melhor maneira de viver a vida?
Talvez a pergunta pudesse ser feita de outra maneira, mas de qualquer forma, essa é uma das perguntas centrais da vida humana. Filósofos, cientistas, poetas, artistas, religiosos, fofoqueiros, enfim, todos espécimes de seres humanos em algum momento se deparou, depara ou deparará com essa questão.
Por isso, vou começar essa reflexão com dois “ensinamentos que li recentemente e me motivou muito em continuar essa busca pela vida.
Primeiro com Fernando Pessoa, na alma de Álvaro de Campos: “Toda a gente que eu conheço e que fala comigo/
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,/
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...”
        E para completar, o homotech mais famoso do século XXI, Steve Jobs, que disse o seguinte num discurso na academia (que diga-se de passagem, o rejeitou, coisas da academia caduca) dali pelas tantas em seu discurso ele diz o seguinte: “Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.”
        No primeiro ensinamento, apesar de certa arrogância do poeta, percebo uma escolha pela altivez, pela força, enfim, pela vida. Uma escolha que não cabe coadjuvante na empreitada da vida, porque nessa, apenas os “bons” sobreviverão.
        Já no segundo ensinamento, com mais sutileza e ao mesmo tempo com muita força, a escolha é pela vida, enquanto a morte não passa de um mero detalhe, afinal o que importa é a sua impressão e não aquela que podem ou farão de você. E o fato da nossa condição de nudeza é justamente o ponto forte da intuição e das escolhas do coração.
Isso vem apenas a corroborar outro ensinamento, do filósofo Pascal que diz: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”
Dito isso, termino com as minhas questões?
É obvio que não, afinal estou vivo e enquanto estiver vivo continuarei a perguntar, acho que a Clarice Lispector já disse algo parecido.
Mas o que fazer quando um tipo Aristóteles diz que não há nada que se pense o que falemos que já não tenha sido pensado ou dito em algum lugar.
Ainda sim, ainda que não, pouco importa, pois o exercício da vida é diário e mesmo que tenhamos mil lições, cada dia é uma nova luta e para estrelar como protagonista nessa, seja como capa ou jornaleiro o importante serão as escolhas de agora.
E viva as ideias flutuantes...     


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sombra e Água Fresca

 
 
Sombra e Água Fresca

Ricardo Guarnieri  

O que são clichês?
Muitas coisas provavelmente, mas uma definição que me agrada muito é: maquiagem para melhor enfeitar uma cara que não tem nada melhor para responder naquele momento, ou mesmo pensar.
Não adianta negar, uma hora ou outra, somos acometidos por um deles, e daí vem o clichezão. Afinal, são sabedorias popularizadas que acabamos usando e repetindo na solução de algo quase que insolúvel e por um tempo funciona, ainda que seja por quase toda a vida, até mesmo nela toda. E não pense que uma pessoa que vive sob o clichês são menos que outras, porque ao final, a diferença entre o sujeito original e o clichezado é a demora no entendimento da piada e nada mais, rsrsrs...
Vamos a alguns deles:   


“Homem é racional e mulher sentimental.”
- Será que é por isso que os homens têm broxado cada vez mais enquanto as mulheres tomam nossos lugares de destaque na sociedade?

“O amor só dura se tiver confiança.”
- Por que devemos confiar numa declaração que é dada muitas vezes depois de uma bela trepada sob fortes efeitos da adrenalina ejaculativa com posterior letarjamento gozozo? Será que nesses momentos podemos confiar tanto em nossos juízos?

“A educação é um desastre no Brasil.”
- Como pode isso se 99% das crianças estão nas escolas e todos na sociedade dizem que a educação é uma prioridade?

“Esse professor sabe muito, mas não ensina nada.”
- Como podemos afirmar que alguém sabe muito, se na verdade aquele que ali está para aprender não sabe nada do que aquele que ali está para ensinar sabe?
   
“A vida é a coisa mais preciosa que temos.”
- Por que então ficamos mais horas no trânsito, no trabalho e nos desestudos do que com os amigos, os amores, os ócios, enfim, na vida?

“O seu direito começa, quando termina o do outro.”
- E quando começaremos a ter direitos?
  
“A família é a base de uma sociedade feliz.”
- Não entendo uma coisa, até outro dia casávamos por interesses de todas as ordens e somente agora o amor tem importância nos relacionamentos, sentimento esse que estava relegado as relações proibidas. E no fim, parece que esse sentimento ficou refém dos grilhões da eternidade... De qual família estamos falando mesmo?

“Sem a religião o homem se perderia totalmente.”
- Levando em conta a multiplicidade de casas religiosas que temos hoje em dia, tenho certeza que jamais ficaremos perdidos, não é verdade? Será que Deus sabe aonde entrar?

“O futuro a Deus pertence.”
- Então é só esperar bem quietinho que chegaremos lá?

“Sem felicidade a vida não tem sentido.”
- E a vida tem algum sentido? E a felicidade dura por quanto tempo?

“O Brasil é o melhor país para se viver.”
- Como será que são os outros então, né? Deve ser muito chato morar num país seguro, livre, menos explorador, enfim, Deus-me-livre dessa falta de criatividade inventiva.                   

“Depois do nascimento de um filho sua vida muda completamente.”
- Isso é verdade, por que você acha que trabalhamos ainda mais? Mas que o bichinho é bom é, bom, mas ainda ele não fala, não anda, não argumenta, enfim, vamos esperar mais um pouco.

“A honestidade é o melhor que podemos fazer, pois eu prefiro dormir com a consciência tranqüila.”
- Será que tem pessoas que não tem consciência? Se existe, como eu faço para adquirir uma dessas? 

“No meu tempo as coisas eram muito melhores.”
- Por que, você morreu? Não está mais entre nós? Virou alma penada? Como se consegue isso enquanto vivo? Morrer vivo é possível?

 



       Busco essas e outras respostas, mas tudo bem, me contentaria com mais algumas outras dúvidas, e antes que me digam que sou um mal humorado e infeliz. Declaro: humor e felicidade não são condições da vida, mas construções de vida.
        Hoje está fazendo um dia lindo e ensolarado e em vez de estar numa praia como a de Santiago, prefiro, agora, escrever... vai entender esse ser chamado humano...