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quarta-feira, 2 de março de 2011

O mundo pergunta, mas nós não...Evitamos

        

O mundo pergunta, mas nós não...Evitamos

Ricardo Guarnieri

Ouvi uma pergunta inquietante ainda na minha adolescência, na qual Max Scheler se questionava sobre a mudança. A pergunta era mais ou menos assim...“Quem tem mais medo da mudança do que da desgraça, como fará para evitar a desgraça?”. Essa pergunta vira e mexe volta na cabeça e confesso que já me incomodou mais, porém não sei se fiquei mais maduro e a ansiedade diminuiu ou se realmente a idade tem me feito mais desistente de sonhos e revoluções...Ainda me incomodo as vezes com essa pergunta, mas hoje, quando o incômodo se torna quase insuportável, eu durmo...
        É justamente esse o ponto: Se já não tenho mais tanta esperança, se o ânimo já não é mais tão empolgante, então por que continuo a ser professor? E principalmente, por que de filosofia?
        Afinal ser professor e filosofar ainda de quebra nesse mundo tão coisificado realmente é coisa de maluco. Realmente quando paro pra pensar nisso tudo, não entendo muito bem porque o sistema paga alguém pra pensar, e pior, na maioria das vezes para falar mal do próprio sistema. Mal não, destituí-lo, essa que é a grande verdade, pelo menos são minhas idiossincrasias quanto a tudo isso.
        Como diz um amigo meu, “nós deveríamos ser muito bem pagos, afinal somos o malfeitor do sistema, ajudamos a sociedade tal como está” e eu ainda completo... não só mantemos o status quo, como convencemos os pobres que se caso eles se esforçem um dia eles chegarão lá. Na verdade não sei muito bem aonde eles chegarão, mas enfim, vamos segurando a bomba relógio do ponteiro social e enquanto isso, cantemos Raul Seixas “... e a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar...”.   
        Voltando ao fato de ser professor de filosofia, ainda se pelo menos fosse professor de marketing ou mesmo de engenharia, pelo menos estariamos preparando as pessoas pro mercado de trabalho. Mas nós, a quem servimos? “A quem serve o vencedor”, (Camões), se assim pelo menos o fosse.

        Diante de tamanha desesperança tenho algo a dizer, na verdade verdadeira não tenho a intenção de mudar ninguém, já desisti das pessoas há muito tempo, o que eu quero mesmo é algo muito mais simples, é apenas uma coisinha... QUERO MUDAR O MUNDO! Eu sei que isso pelo menos, é muito mais simples e sensato.
Penso que essa é a minha maior motivação de continuar filosofando e não adianta me dizer que filosofar é nada, afinal o que precisaríamos seria de alguém com ação, porque filosofar é viver no mundo da lua. Ainda que esses detratores estejam certos, viver no mundo da lua não é pra qualquer um, mas apenas para as pessoas que realmente conseguem voar com os pés no chão, afinal a lei da gravidade só mesmo na cabeça daquele descabeçado do Newton que não tinha nada melhor pra fazer do que ficar roubando maçãs. Depois nós que ficamos pagando o pato por Adão ter sido curioso e nos dar de presente o pecado fundamental de vermos a Eva pelada...ainda se pelo menos valer a pena. (à conferir).
Sei que não será fácil continuar filosofando, mas se isso não der certo por muito mais tempo, vou continuar fazendo aquilo que pelo menos pra mim parece muito simples... mudar o mundo e ver que desgraça é essa afinal. E por fim, continuar perguntando as inevitáveis insustentabilidades do meu existir.

 

5 comentários:

  1. Oi meu amor,
    Quando vc se questiona assim como Scheler sobre a mudança, entendo que a intenção está ligada a intuição e vc é muito intuitivo, então sinta o ser vibrante que é vc e não se cale nunca... Ser professor de filosofia para vc parece ser um processo experimental rodeado de sentimentos como emoção, amor e tesão, ou seja, transborada a essencia independente dos valores atribuidos.
    Um brinde ao seu desanimo singelo de mudar o mundo!

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  2. "Tem que ter fé.
    Porque bom partideiro todo mundo é..."
    (Fundo de Quintal) rs

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  3. "A loucura é jovem" (Erasmo).
    Resisto "amadurecer", de "amar endurecer", me "armar em duro ser".
    Se a vida é um playground e somos muito grandes para um escorregador pequeno, que venham os engenheiros a nos construir tobogãs, e os marketeiros a nos vender ilusões. Mas, nada será suficiente, até que se possa (l)evitar.

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  4. Endurecer... no sentido de se fazer mais forte? Resistente? Então como um elastico, que qto mais flexivel for, mais dificil será arrebenta-lo. Deste modo, falar em amadurecimento nada tem haver com dureza. Amadurecer é ao contrario re-moçar! Para mim, a medida q vou vivendo e aprendendo acredito mais em meus ideais, que ñ são ilusões. Álias, MARKETING: Ato ou efeito de enfeitar o monte de bosta. 'Acho' q a vida é um quebra-cabeças q jamais estará montado mas achooo tb q maquear as pecinhas q já encontramos atrapalha todo o processo.

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  5. Do livro Pensamento do Chão, de Viviane Mosé:

    Acho que a vida anda passando a mão em mim
    A vida anda passando a mão em mim
    Acho que a vida anda passando
    A vida anda passando
    Acho que a vida anda
    A vida anda em mim
    Acho que há vida em mim
    A vida em mim anda passando
    Acho que a vida anda passando a mão em mim
    E por falar em sexo quem anda me comendo
    é o tempo
    Na verdade faz tempo, mas eu escondia
    Porque ele me pegava à força e por trás
    Um dia resolvi encará-lo de frente e disse:
    - Tempo se você tem que me comer que seja com o meu consentimento e me olhando nos olhos.
    Acho que ganhei o tempo
    De lá pra cá ele tem sido bom comigo
    Dizem que ando até remoçando.

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