O rei morreu na reinvenção do bobalhão, que se lambuzou com a cara no chão...
Ricardo Guarnieri
Tem uma pergunta que me inquieta sempre que entro na sala de aula: O que eu estou fazendo aqui? E logo em seguida outras questões emendam em novas teias: O que eu quero dos meus alunos? O querem eles? E a escola, o que essa pretende?
São questões difícieis, exigem resposta não traquilizadoras, ao menos para aqueles que pensam na escola como um espaço de fazimento de vida e ressignificação do inacabamento total do humano. Já para os positivistas é tudo muito simples, afinal, gestão de qualidade e metas são o sufuciente para medir a qualidade dos pseudos vejeiros dispensáveis.
Num outro dia me lembrei de um comentário muito comum lá no interior para se referir as pessoas inteligentes., ou seja, quando alguém era muito dado aos estudos, ou então se dava bem, era chamado carinhosamente de “crânio”, e mais, “olha só aquele sujeito, ele é um crânio”.
Puxa vida! Deveras algum sujeito humano ter condições de abrir mão do seu crânio?
Eu sei disso, como também sei o quanto essa cultura de superioridade nos faz atrasar tanto em nossos espiritos maus, tormentas que demoram a sair dos cantos da nossa cabeça, e mesmo quando dedetizados, ainda assim deixam restos por toda fresta invisível dos sentimentos que mais nos calam numa continua pertubação silenciosa, que vez ou outra nos rondam como fantasmas de metas aburguesadas, daí, só bebendo muito etna no caldeirão do caos dionísiaco.
Também sei de todo sofrimento que a inteligência tem nos deixado nesses anos todos de humanos a humanos, ou alguém realmente acredita na histórinha que nos contaram sobre a nossa liberdade de fazermos o que quisermos?
Se não fosse a eficiência, o talento, a sagacidade, o conhecimento, enfim... a competência, como poderíamos ter detonado Hiroshima e Nagasaki? Como poderíamos patentar todas as curas e qualidades de vida sob a égide da navalha do cartão de crédito? Como poderíamos decidir quem come o que e quem fica aquém? Como poderíamos ocupar um quarto de 200 m2 para que os demais ficassem em cima de uma lixão surfista, ora dropando, ora vacando? Como poderíamos acreditar que um menino de 500 mil/mês está apenas brincando de jogar futebol enquanto a massa apenas se amassa na busca da sua brincadeira do santo pão de cada dia? Como poderíamos ter no Zé toda sua santidade enquanto os milhões de anônimos morrem de raquitismo por simplesmente fazer parte da sua rotina natural e subserviente? Como poderíamos engolir tanta bomba engordulight que nos vendem diariamente e ao mesmo tampo aceitar conselhos de exercicios de subir escadas com sacolas cheias delas? Como poderíamos assistir a BBBs e ao mesmo tempo pensarmos que estamos apenas nos entretendo?
São tantas as questões que já nem me lembro mais do que faço na escola. Contudo, de uma coisa eu sei, nós cidadãos remendados das classes C e B (ATENÇÃO: A classe A não vive na terra, e a D e a E nem passaram pela terra), voltando... nós, ah! nós, quem se importa com um cidadão consumidor tão ardente pelos restos alienigenas? Ninguém, nem mesmo nós, e mesmo que nos importássemos, no primeiro suspiro, exércitos inteiros de Boners/Fatimados e afins estariam prontos pra nos cerrar com toda sua linha cortante de vandalismos e dircursinhos factolóidianos.
Por isso, já perdi a minha esperança a muito tempo quanto a inteligência, isso é besteira. Ser inteligente é coisa de quem não quer pensar em nada, a não ser receber seu justo pagamento pela venda dos seus neurônios nos juros futuros de quaisquer especulador inescrupuloso de Wall Street de Bovespas tupiniKins...
O que eu estou fazendo aqui? Isso é demais né, é óbvio, estou recebendo meu contracheque de esperanças podres na espera de alguma batata saudável que me ofereça caridade de dia de natal, ano novo, enfim, quem sabe algum aluno não se contamine da esperança vadia...
Ainda bem que eles querem muito mais do aquilo que eu posso dar, desse modo ofereço a todos uma linda flor de anarquilópolis... sem Raul, é claro, pois no dia em que a terra já estava parada e eu ali, com a boca sem nenhum dente, esperando o cotejo sofrer, e quem sabe assim, com as cercas sem bandeiras, um homem nú a espera de um pouco de pão seco matou toda sua sede com as vestes do rei que morria por falta de súditos...
E a escola, enfim, pretendeu pretendendo toda pretenção que pretenderas algum dia de pretender pretendendo...
Escolas do mundo, Pretendei-vos!!!
Oiii Fessor vim regar minha florzinha que o senhor me deu. rs
ResponderExcluirOww sabe onde eu costumo achar pecinhas para meu quebra-cabeça ?
No elementar, no tão simples que o pensamento complexo ñ percebe:
Amor e Fé!
Calma, antes de ficar puto com meu discursinho cristão, me deixa tentar explicar:
A inteligencia é nada: Neutra e sem valor, nem boa nem má:
A inteligencia sem AMOR é que é cruel.
Chega a ser ridiculo eu dizer uma bobeira dessas aqui, eu sei rs. Mas é que eu acredito mesmo que amar e acreditar no q se faz, é oq faz acontecer. Parece-me que é isso que tem em comum entre os que conseguiram o melhor resultado possivel para seus objetivos.
E nem adianta dizer que sou ingenua, que na minha idade vc acreditava nestas coisas tb... Pq eu nem acho q vou conseguir mudar o mundo para o endereço novo que eu queria.
Mas a minha parte eu quero fazer!
Ñ pq eu sou boazinha (ñ sou), a minha caridade é, na verdade, a mim mesma, pq se eu me sentir engrossando o coro do inimigo, depois eu ñ consigo nem olhar na minha cara.
E outra, se eu ñ fizer da minha vida e do meu carater oq eu queria que as outras pessoas fizessem dos delas eu vou achar que ñ tem jeito mesmo.
PS: Qual a diferença de assistir bbb ou 24hs?
ÓTIMA ARGUMENTAÇÃO. TEXTO COM VERACIDADE E COMPETÊNCIA. FELICITO A TI POR ESTA OBRA...
ResponderExcluirO comentário acima foi irônico?
ResponderExcluirE por falar em ironia gostaria de saber:
O inferno são (sempre) os outros?
Educandos ideais... quem os achará?!!
Classe C na area queridão, os educadores que se adequem:
"É oq tem na marmita"!
Boa noite
ResponderExcluirProfessor, como lidar com tantas teorias pedagogica, no meio de sangue, tristeza, dor e massacre dos inocentes.
Será que haverá modificação no ensino? Como tratar a juventude? Como está a sociedade?
Não consigo entender a crueldade........... Sinto muito......